Kurt Cobain se suicidou com um tiro na cabeça em 05 de abril de 1994, marcando uma geração e entrando para a história.Quatro anos depois de sua morte, o diretor inglês Nick Broomfield tenta expor o mistério que tortura até hoje a mente dos fãs do nirvana: Será que Courtney Love matou ou mandou matar o marido?
Com dinheiro ba BBC de Londres e muita cara-de-pau, Broomfield se infiltrou no que restou da cena grunge de Seattle para filmar o documentário Kurt And Courtney. Falou com muita gente, mas não conseguiu quem mais queria: Courtney Love. Ela se recusou de prestar depoimento sobre a morte do marido e ainda colocou um poderoso time de advogados para garantir na justiça que o filme nunca chegasse às telas.
O medo de Love tem fundamento. Nick Broomfield é conhecido por virar pelo avesso os objetos de seus filmes. No documentário Heidi Fleiss: Madame Hollywood(Exibido num festival de cinema no Rio), ele mostrou o lado mais podre da famosa cafetina que oferecia serviços de prostitutas de luxo aos astro de cinemas norte americanos. Com a boa repercussão da fita, Broomfield conseguiu uma entrevista que virou especial da rede de TV HBO - com a Serial Killer Aileen Wuornos momentos antes de ser executado na cadeira de rodas.
Broomfield mostra como Mary passa parte de seu tempo indo a escolas para cantar e contar histórias do sobrinho. Ela crê que assim pode evitar que outras crianças caiam no inferno das drogas, que consumiu Kurt Cobain.
No início de 1986 o cenário musical de Seattle ainda não se destacava e a
sua única grande contribuição para o mundo do rock havia sido a figura de
Jimi Hendrix. Bandas como Melvins, Tad, Mudhoney (que mais tarde viria
a dar origem ao Pearl Jam) e Soundgarden eram apenas mais algumas
perdidas em meio a centenas de pequenos grupos de uma cidade chuvosa
em que havia pouco mais a fazer do que formar uma banda de rock.
O cenário começou a se tornar mais profissional a partir dos
investimentos de um pequeno selo chamado Sub Pop, montado por Bruce
Pavitt e Jonathan Poneman, em pouco tempo se destacando entre os
produtores de bandas independentes. Mais do que gravar demos e
singles de bandas desconhecidas a Sub Pop investia em material de
divulgação, fotos, contatos com rádios. Embora raramente houvesse lucro
em pouco tempo o selo se tornou um grande descobridor de talentos para
gravadoras maiores.
Em meio às várias bandas que passavam pela Sub Pop uma chamou a
atenção dos produtores com sua mistura de melodias punk simples, riffs
de heavy-metal e vocais agressivos. Em 11 de junho de 1986 a banda
chamada Nirvana gravou seu primeiro single, Love Buzz, cover de uma
canção pop gravada originalmente pelo grupo pop alemão Socking Blues. A
banda era formada por Kurt Cobain, Kris novoselic e Chad Channing.
Apesar de um atraso no lançamento e um preço final muito alto o single
foi um sucesso. Com Love Buzz o Nirvana saiu do anonimato e começou uma
turnê por clubes alternativos. Surpreendentemente o som anti-comercial
da banda foi aceitado e isso indicava que um disco poderia ser bem aceito.
A Sub Pop resolveu arriscar apesar de grandes dificuldades financeiras.
Durante quase seis meses fizeram as gravações do LP Bleach. Em meio ao
rítmo alucinantes de shows as músicas e letras eram terminadas ou
mesmo compostas poucos minutos antes da gravação. A produção se
encarregou de tornar o som mais aceitável e comercial. O nome do
guitarrista e vocalista da banda constava no encarte como Kurdt Cobain.
O outro guitarrista citado no encarte era Jason Everman que não tocou no
disco e teve seu nome citado por ter financiado a gravação que custara
pouco mais de 600 dólares.
Já com um contrato (a primeira banda da Sub Pop a assinar um contrato
com a gravadora) o Nirvana saiu em uma extensa turnê de divulgação
pelos Estados Unidos. Por cada cidade que passavam o número de pessoas
aumentava e curiosamente a fama da banda começava a chegar antes dela
com a divulgação em rádios alternativas. Ao final da mini-tornê gravam um
disco de pequena duração chamado Blew, lançado apenas nos Estados
Unidos.
Aproveitando um convite da banda revelação de Seattle na época, Tad, o
Nirvana os acompanhou como banda de abertura em uma turnê pela
Europa. Em um dos shows conseguiram conquistar a atenção de um
executivo da gravadora Geffen. A história da banda começava a mudar e
em pouco tempo surgiu a oportunidade de uma mudança de rumos na
carreira. Apesar das ligações afetivas com a Sub Pop era claro que o
Nirvana não podia negar um contrato com uma gravadora maior. Além do
mais o preço pago pela Geffen à Sub Pop pela rescisão do contrato do
Nirvana era suficiente para tirar a gravadora do buraco.
Pouco antes da gravação do novo disco pela nova gravadora o baterista
Chad Channing foi chutado por diferenças musicais. Em seu lugar entrou
David Growl. Com esta formação o trio conquistaria o mundo.
Em setembro de 1991, logo após o lançamento de Nevermind, ocorre
muito mais do que o esperado. Do dia para a noite o disco pula para o topo
das paradas, sem divulgação em rádios ou MTV. A imprensa musical corre
atrás do prejuízo e em menos de um mês a banda sai do anonimato e
passa a ter de escolher as entrevistas e programas de TV de que vai
participar. De repente o som de Seattle, juntamente com o visual clássico
dos jovens da cidade, com bermudas e camisas de flanela, estava na
moda. Desde os Sex Pistols o underground não vendia tanto.
Aparentemente a banda passava intocada por tudo isso e, apesar de
terem se tornado milionários instantâneos continuavam quebrando os
mesmos equipamentos baratos em seus shows.
O sucesso do Nirvana de imediato alavancou a carreira de dezenas de
bandas da cidade de Seattle. Embora não houvesse uma identidade
musical entre as bandas, durante dois anos foram poucos os novos grupos
a explodirem sem usar bermudas e camisas de flanela. Entre outras
bandas da geração de Seattle se destacaram Pearl Jam, Soundgarden,
Tad, Mudhoney, Prong, etc.
Em 1992, em meio às imensas turnês e devido à falta de tempo para
lançar material inédito a gravadora lança Incesticide, uma coletânea de
gravações inéditas, lados B, demos ou faixas raras lançadas em
coletâneas.
Em 1993 é lançado In Utero. A banda parecia estar numa encruzilhada.
Era praticamente impossível repetir o sucesso de Nevermind, os fãs
antigos abominavam a banda que havia se "vendido" para a mídia enquanto
os fãs novos exigiam hits de sucesso como os de Nevermind.
Por mais que tenha tentado evitar e negar isso Kurt Cobain se tornou o
que mais odiava, um ídolo pop. Em suas letras eram descobertos muito
mais significados e poesia do que ele próprio supunha. Devia se sentir
roubado de sua rebeldia, tomada e vendida pela mídia. Kurt Cobain se
suicidou em abril de 1994, com um tiro na cabeça.
Em novembro foi lançada em disco a apresentação da banda no programa
Unplugged da MTV americana. Unplugged In New York contém o último
projeto de Kurt, um show ensaiado exaustivamente nos últimos dias de
sua produção musical.